#12 UGC tem limite
como funciona o conteúdo criado pelo usuário e uma entrevista com a Clara Paim, Head de Marketing de Influência na Simple Organic e People Colour
você já ouvir falar da criadora de conteúdo UGC?
conforme o mercado de influência foi crescendo, alguns outros papéis foram sendo criados, tanto pra profissionalizar a área (agências, departamentos de influência dentro de empresas), quanto pra replicar ela em outros cenários.
assim a gente começa a ver o conteúdo “nativo”, que a princípio só a influenciadora é capaz de fazer. ela entende o produto, o momento, a plataforma, a trilha sonora, e a combinação de tudo isso é ouro publicitário.
e como dar check em tudo isso sem gastar rios de dinheiro toda vez? olhando pra comunidade! daí nasce o UGC, User Generated Content, ou conteúdo gerado pelo usuário.
na prática as marcas contratam UGC pra criar conteúdo “nativo” e veicular nas próprias redes, aproximando o conteúdo do público e humanizando as redes sociais. esse tem sido o início de muitas influenciadoras, se você já tem a estética e a visão mas não tem a comunidade, é um ótimo jeito de ganhar dinheiro criando conteúdo e já começar o relacionamento com as marcas.
O termo user generated content (UGC), ou conteúdo gerado pelo usuário, é relativamente comum às pessoas que trabalham com comunicação e marketing. É um tipo de conteúdo feito por fãs de uma marca ou pessoas que realmente gostaram do produto ou serviço que utilizaram. Em resumo, são conteúdos (vídeos, fotos ou textos) publicados por consumidores e utilizados pelas marcas como uma estratégia competitiva. (foi a EBAC que disse, tá?)
aí vem a parte um pouco problemática da coisa, na minha concepção, a partir do momento que você fecha publicidades no seu próprio perfil e tem uma comunidade que te respalda, não tem mais como ser uma UGC, você é uma influenciadora/ criadora de conteúdo, como quiser chamar.
não tem como desvincular a imagem da influenciadora de um conteúdo, mesmo que ele seja postado no perfil da marca sem nenhuma menção a ela.
então porque tem marca grande por aí orçando conteúdo ugc com influenciadora de todos os portes possíveis??????????????
uma criadora de conteúdo oferece valor através de um vídeo e uma foto legal sim, mas acima de tudo, ela oferece credibilidade e conexão com a comunidade que ela cria e nutre todos os dias. de que vale uma influenciadora sem a comunidade dela? se a marca quer pagar mais barato só pela imagem dessa pessoa, acho que ela não entende muito bem como funciona o mercado de influência.
se você tá começando agora a criar conteúdo, procure marcas que contratam UGC, é a melhor maneira de entrar no radar das marcas, criar relacionamento e já se inserir no mercado. mas também saiba a hora de parar, ok?
ainda no assunto… trouxe alguém que trabalha (e muito bem) com isso! caso você esteja ou queira começar uma carreira dentro do mercado de influência, a Clara toca essa área dentro da Simple Organic e People Colour, marcas que levam a co-criação com influenciadores bem a sério :)
Faça uma breve bio sobre você (quem você é, quais são seus interesses, com o que você trabalha hoje, etc)
Meu nome é Clara Paim, tenho 24 anos e hoje vivo nesse vai e vem entre Florianópolis e São Paulo. Floripa é minha base e meu respiro, São Paulo é onde tudo acontece no trabalho, então acabei adotando as duas rotinas.
Sou formada em Design de Moda pela UDESC e tenho pós-graduação em Fashion Business pela FAAP. A Moda sempre fez parte da minha vida. Cresci vendo meus pais trabalhando na área e isso acabou moldando meu olhar. Quando chegou a hora de escolher um caminho, eu já sabia que queria unir moda com comunicação e marketing, que é onde minhas ideias fluem mais naturalmente.
Atualmente trabalho como Head de Marketing de Influência na Simple Organic e na People Colour, construindo estratégias, me conectando com criadores e ajudando a dar vida às narrativas das marcas. No fim das contas, meu dia a dia é uma mistura desse universo criativo com a organização e a correria que o marketing pede, bem no equilíbrio entre a praia e o caos gostoso da cidade.
Qual é o nome do seu cargo e o que ele quer dizer na prática? (em que departamento fica, as maiores responsabilidades, pelo que ele é conhecido)
Meu cargo é Head de Marketing de Influência. Na prática, significa coordenar tudo que envolve influenciadores e parcerias nas duas marcas em que trabalho. Fico dentro do time de Marketing e cuido desde a estratégia até o relacionamento do dia a dia.
As influenciadoras representam uma parte enorme da nossa receita e, por sermos marcas 100% digitais, elas acabam sendo nosso principal canal de expansão e reconhecimento. O meu trabalho é garantir que essas relações sejam fortes, verdadeiras e estrategicamente inteligentes.
Um exemplo disso é o trabalho com a Malu Borges e a Antonella Braga na People Colour, estou perto delas em tudo: pensar ações, fortalecer a relação, cocriar, acompanhar shootings e estar presente na construção criativa.
Além dessa frente, também ajudo a coordenar o time de marketing como um todo, principalmente no desenvolvimento visual das campanhas. Isso vai desde o conceito até os shootings, o que me mantém muito próxima da moda, que sempre foi meu ponto de partida. A Simple nasceu conectado à moda e beleza desde o dia 1, então participar de Fashion Weeks e viver esses bastidores faz parte da nossa rotina e sempre me lembrar do porquê eu amo tanto esse universo.
No fim, meu trabalho é isso: estratégia, relacionamento e criar narrativas que realmente façam a marca pulsar.
Como é um dia de trabalho com você? Passe pelas tarefas diárias, as planilhas fixadas no navegador, os times que você mais interage, as conversas mais recorrentes do whatsapp, a linha de e-mail mais interminável, demandas que estão sempre presentes em um dia com você.
Um dia de trabalho comigo pode ir do zero ao cem em poucos minutos. Tem dias mais tranquilos, claro, mas em meses de campanha o ritmo muda completamente, o time cresce, tudo se intensifica e as tarefas se multiplicam.
Eu me organizo quase 100% por planilhas. Nunca consegui me adaptar a apps de organização; sinto que eles me limitam. Como sou muito visual e prática, o Excel virou meu melhor amigo. Tenho várias planilhas fixadas no navegador e abro todas diariamente: planejamento, controle de influenciadores, pagamentos, calendário, entregas… está tudo ali.
Além disso, algumas demandas me acompanham sempre: criar briefings, definir quais produtos vamos destacar, checar se cada influenciador está com o material em mãos, planejar ações, organizar cupons e garantir que tudo esteja alinhado antes de cada entrega. É um trabalho de detalhes, mas que dá a base para tudo funcionar.
Outra coisa que faz parte da minha rotina é ter o TikTok e o Instagram sempre abertos. A gente trabalha com influência, então acompanhar o que está acontecendo em tempo real é basicamente parte obrigatória do job.
Os times que mais converso no dia a dia são o de Design e o de Performance — o primeiro pelas aprovações e criações, e o segundo para acompanhar os resultados das campanhas e entender como nossos influenciadores estão performando.
No WhatsApp, a conversa mais constante é com o meu time dentro da área de Mkt de influência, que trabalha comigo e são meus braços direito e esquerdo. Depois vêm todas as conversas com o nosso time de influenciadores, porque fazemos questão de manter contato diário com cada um. É uma rotina bem viva, muito conectada e sempre com várias abas abertas, literalmente e metaforicamente.
Como foi sua trajetória até chegar aqui? Quais momentos foram decisivos para isso? (faculdade, relacionamento, etc)
Minha trajetória sempre teve esse contraste curioso entre estar completamente conectada ao mundo e, ao mesmo tempo, muito dedicada aos estudos e ao meu próprio desenvolvimento. Cresci assim: online demais, interessada demais, querendo aprender tudo. E quando entrei na faculdade, nunca deixei que o curso definisse meus limites. Fui atrás do que despertava algo em mim.
Comecei na Simple no meu primeiro ano da faculdade, como estagiária de conteúdo. Era tudo muito novo, mas também muito natural. Ali pude testar ideias, errar, acertar, criar coisas que até hoje me dão orgulho, como: a estratégia de Tik Tok da marca, ou projetos como o Simple Guests, que me colocaram em contato com outras marcas e pessoas que acabaram tendo um papel importante na minha formação. Construir esse networking tão cedo foi uma das coisas mais valiosas que fiz.
O resto aconteceu aos poucos. Fui crescendo dentro da Simple, passo a passo, até perceber que o marketing de influência tinha virado casa. Não foi um plano rígido; foi um movimento orgânico, nascido da necessidade da empresa e do meu próprio encaixe naquele universo. Quando entendi que tudo o que eu gostava (comportamento, cultura digital, criação, conversa) estava ali, foi impossível não me apaixonar.
Hoje, cinco anos depois, olho para esse caminho e vejo o quanto cada relação fez diferença. Colegas, influenciadores, parceiros… todas essas conexões construídas com cuidado acabaram me dando força, abrindo portas, me sustentando em momentos difíceis e me inspirando nos momentos bons. Se tem algo que realmente guiou minha trajetória, foi isso: a capacidade de se conectar de verdade com as pessoas e deixar que essas trocas moldem o caminho.
O que você acha mais importante em alguém que quer exercer esse cargo no mercado? Pode ser uma competência técnica ou mais comportamental.
Para esse cargo, o mais importante é estar realmente conectado com o que está acontecendo agora, e isso vai muito além de entrar em plataformas de tendências. É sobre consumir conteúdo todos os dias, de forma natural, e desenvolver esse olhar intuitivo de perceber o que pode virar tendência, quem tem potencial para crescer, qual movimento cultural está surgindo.
Na Simple isso faz muita diferença. A gente costuma acertar muito na escolha das pessoas que entram para o time justamente porque existe esse olhar atento, quase sensorial, de entender quem está criando algo verdadeiro e quem ainda vai estourar.
Por isso, eu diria que a competência mais importante aqui não é exatamente técnica. É comportamental. É estar 100% presente no mundo digital, entender linguagem, ritmo, cultura, comportamento… sentir o clima da internet. É isso que transforma o trabalho em algo vivo, atual e realmente estratégico.
Qual sua ferramenta/plataforma favorita? Pode ser a que você mais usa, a que facilita mais a sua vida porque ela é muito útil ou apenas muito legal, exemplo, eu acho o Notion muito chic esteticamente, é meu favorito. (Google Agenda, Notion, Trello, Teams, etc)
Sobre ferramentas e plataformas… eu adoraria dizer que uso algo super organizado como o Notion, mas a verdade é que nunca consegui me adaptar. Sempre me sinto meio limitada dentro desses aplicativos. Então, sem a menor dúvida, o que mais funciona pra mim é a boa e velha planilha do Excel.
As planilhas são quase um quadro em branco pra mim. Eu formato do meu jeito, deixo tudo visual como eu preciso, organizando do jeito que faz sentido pra minha cabeça. Só não espere nada digno de alguém de exatas, minhas planilhas são bem humanas, bem intuitivas, nada muito ortodoxo.
O Canva também é meu companheiro fiel, principalmente quando preciso deixar algo mais visual e rápido. E, por fim, meu item de sobrevivência: o planner físico. Não tem jeito, eu preciso de uma agenda de papel. Anotar tudo à mão me organiza de um jeito que nenhuma plataforma consegue. É quase terapêutico.
Indique um Livro/Podcast/Substack/Instagram que te ajuda como ref no trabalho, fonte de inspiração, etc.
Escolher só uma referência é quase impossível, mas ultimamente tenho sido muito influenciada pela BibiPZ no TikTok e no Instagram. Ela me fez voltar a olhar para o mundo da moda com mais profundidade. As análises que ela faz de desfiles e movimentos do mercado são tão bem construídas que dão vontade de parar tudo e pensar junto com ela.
Outra pessoa que me inspira muito é a Isa, do Isa Gaidys da Ilustralle. Sou apaixonada pelo conteúdo dela e pelo Coolmmerce, a plataforma que ela criou. Já fiz curso com ela e sempre fico impressionada com o quanto ela é fora da curva como profissional: didática, inteligente, sensível e muito conectada ao mercado. São duas criadoras que eu realmente acompanho com vício e carinho.
por hoje é só, te vejo semana que vem?
beijos,
andressa.





adorei o conteúdo!
eu confesso que adoro ver conteúdos mais orgânicos da marca, isso cria genuinamente uma relação de confiança.
queria muito ingressar no UGC, mas não movimento minhas redes do jeito que gostaria sabe? muito por ser “perfeccionista” (odeio esse termo) e querer ter algo muito profissional para postar.
já recebi alguns produtos de algumas marcas como Sallve, L’oreal e Garnier. E mesmo postando “pouco” sinto que eu tenho uma comunidade fiel de “web amigas” no instagram.
dito isso, oque você me sugere? Como devo me inserir nesse mercado? Levantar uma bandeira de interesse.
obrigada, andressa 💌
Amei Andressa 💗 Descobri seu perfil por esse texto e adorei tudo!!